2º REINADO

Introdução

O Segundo Reinado do Brasil, que ocorreu entre 1840 e 1889, é um período marcado pela consolidação da monarquia sob o reinado de Dom Pedro II. A ascensão de Dom Pedro II ao trono se deu após a abdicação de seu pai, Dom Pedro I, em 1831, e sua maioridade foi proclamada em 1840 (golpe da maioridade). O novo imperador promoveu a modernização do país, incentivando a imigração europeia, a expansão das ferrovias e a urbanização. A economia brasileira também passou por mudanças significativas, com a café como o principal produto de exportação.

Politicamente, o Segundo foi marcado por importantes conflitos, como a Guerra do Paraguai (1864-1870), que envolveu o Brasil em uma das maiores guerras da América do Sul. As questões sociais, especialmente a luta abolicionista, começaram a ganhar força, culminando na abolição da escravidão em 1888. A insatisfação com a monarquia e as elites agrárias levou à Proclamação da República em 1889, encerrando o Segundo Reinado e mudando radicalmente a estrutura política do Brasil.

Golpe da maioridade

O "golpe da maioridade" refere-se ao movimento que ocorreu a antecipação da maioridade de Dom Pedro II, permitindo que ele assumisse o trono do Brasil aos 14 anos, em 1840.

Após a abdicação de Dom Pedro I em 1831, o Brasil ficou sob a regência de um conselho, composto por líderes políticos que representavam diferentes interesses regionais. No entanto, essa regência foi marcada por instabilidade e conflitos, resultando em crises políticas e revoltas. Por isso, com a insatisfação popular e desejo de um governo central forte, foi passada a ideia de que Dom Pedro II, mesmo jovem, poderia trazer estabilidade política no país. Assim, em 23 de abril de 1840, foi proclamada a maioridade do imperador, e ele foi coroado.

Partidos políticos

Partido Liberal

Esse partido defendia a descentralização do poder, maior autonomia das províncias, gradualmente abolição da escravidão, liberdade de imprensa e maior participação das classes populares na política. Era composto por comerciantes, intelectuais e setores da burguesia, além de alguns militares.

Partido Conservador

Defendia a centralização do poder, manutenção da monarquia, controle mais rigoroso nas províncias e preservação da escravidão. Era composto por aristocratas, latifundiários e a elite agrária, que buscavam garantir seus interesses e privilégios.

Parlamentarismo às Avessas

Em 1847, foi implantado o Parlamentarismo às Avessas que apresentava o poder que o imperador tinha, tendo um papel central e forte, além de controle sobre o poder Executivo e Legislativo, ao contrário do modelo parlamentarista clássico. O imperador podia interferir nas decisões políticas, provocando a autonomia dos partidos e do parlamento. Além disso, o imperador equilibrava o poder dos dois partidos políticos a fim de atender os interesses de ambos, evitando conflitos entre eles. Esse modelo gerou descontentamento ao longo do tempo, pois muitos viam a concentração de poder nas mãos do imperador como uma limitação à democracia. 

Economia cafeeira

A economia cafeeira durante o Segundo Reinado do Brasil foi um dos pilares do desenvolvimento econômico do país e teve um papel central na formação da sociedade e na política da época.

O café tornou-se o principal produto de exportação do Brasil, especialmente nas regiões de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A produção cresceu significativamente, especialmente a partir da década de 1850. Esse mesmo, superou outros produtos como o açúcar e o algodão, que eram os principais produtos em outros períodos. 

Alterando a dinâmica da mão de obra rural, muitos fazendeiros começaram a contratar imigrantes europeus, principalmente italianos, para trabalhar nas lavouras de café, também contribuindo com a diversificação da população e a urbanização.

Infraestrutura e modernização

O crescimento da economia cafeeira levou à construção de ferrovias, que facilitavam o transporte do café das regiões produtoras até os portos para exportação, como Santos e Rio de Janeiro. Também, cidades como São Paulo se tornando centros econômicos e comerciais importantes. O poder econômico dos cafeicultores resultou na formação de uma elite agrária que influenciava a política nacional, especialmente através do poder do voto e da representação.

Leis 

Lei Eusébio de Queirós

Sancionada em 1850, essa lei com o nome de um deputado Eusébio de Queirós, que foi um dos principais defensores da medida, representou um marco na luta contra a escravidão, ela proibia definitivamente a entrada de escravizados no Brasil. 

Lei do Ventre Livre

Sancionada em 1871, dizia que os filhos de mãe escravizada, nascidos a partir daquela data, seriam considerados livres. Porém, até os 8 anos de idade, a criança deveria ficar sob autoridade do senhor, depois ele poderia escolher se receberia uma quantia de dinheiro do governo ou continuava utilizando de seus serviços até os 21 anos.

Lei dos Sexagenários

Sancionada em 1885, declarava livre os escravizados de 60 anos. Porém, muitos sexagenários não tinham condições de sustentar-se após a liberdade, tornando-se dependentes de outras formas de assistência.

Lei Áurea

Sancionada em 1888, uma das leis mais importantes para a extinção do sistema escravocrata no Brasil, foi aprovada e libertou perto de 5% da população brasileira. Porem, como sempre, os recém-libertos não tiveram seus benefícios esperados, ou por falta de emprego, casa, terra ou comida.

Guerra do Paraguai

A Guerra do Paraguai, que ocorreu de 1864 a 1870, foi um dos conflitos mais significativos da América do Sul e envolveu o Paraguai contra uma aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai. A guerra foi marcada por batalhas sangrentas e condições brutais para os soldados e civis, resultando em enormes perdas humanas e materiais. Dentre as principais causas estão a disputa pelo controle dos rios Paraná, Paraguai, Uruguai e do Prata de vital importância para os escoamentos das mercadorias do Paraguai e do interior brasileiro (Mato Grosso); o então presidente Francisco Solano López buscava novos territórios para expansão do Paraguai.

Desenvolvimento do Conflito

A guerra começou em 1864, quando López declarou guerra ao Brasil após o país intervir no Uruguai. Em 1865, a Argentina também foi atacada. Brasil, Argentina e Uruguai formaram a Tríplice Aliança para combater o Paraguai. O conflito se estendeu por várias frentes, com batalhas significativas como a de Tuiuti e a de Curupaiti.

Consequências

Destruição do Paraguai: O conflito resultou na devastação do Paraguai, com uma enorme perda de população (estima-se que até 70% da população masculina do país morreu).

Mudanças Políticas: A guerra alterou o equilíbrio de poder na região, fortalecendo o Brasil como uma potência continental, enquanto o Paraguai foi profundamente afetado em sua estrutura social e econômica.

Impactos Econômicos: Os países da Tríplice Aliança enfrentaram dificuldades financeiras e sociais após o conflito, enquanto o Paraguai levou décadas para se recuperar.

Abolição da Escravidão: A guerra também contribuiu para a intensificação do movimento abolicionista no Brasil, que culminou na abolição da escravidão em 1888.

Politícas internas

Dom Pedro II: O imperador exercia um papel central na política, buscando um equilíbrio entre as diferentes correntes políticas, especialmente os partidos Liberal e Conservador.

  • Revoltas e Conflitos: O período foi marcado por várias revoltas, como a Revolução Liberal de 1842, a Revolta dos Malês (1835) e a Guerra do Paraguai (1864-1870), que afetaram a estabilidade política.
  • Reformas Sociais: O período viu a implementação de algumas reformas importantes, como a Lei Eusébio de Queirós (1850), que buscou restringir o tráfico de escravos.
  • Desenvolvimento da Infraestrutura: O governo incentivou a construção de ferrovias e a urbanização, modernizando a economia e a sociedade.
  • Abolição da Escravidão: O movimento culminou na Lei Áurea, em 1888, que aboliu a escravidão no Brasil.
  • Descontentamento: A insatisfação com a monarquia cresceu entre os setores liberais, republicanos e a classe média emergente, que desejavam mais participação política.
  • Proclamação da República: A combinação de descontentamento político, a influência das ideias republicanas e a perda de apoio das elites agrárias levou à Proclamação da República em 1889.

Politícas externas

  • Aliança com a Inglaterra: Durante grande parte desse período, o Brasil manteve relações amistosas com a Inglaterra, que era a principal potência econômica da época. O comércio e os investimentos britânicos foram fundamentais para a economia cafeeira brasileira.
  • Pressão Abolicionista: A Inglaterra também exerceu pressão sobre o Brasil para a abolição do tráfico de escravos, culminando na Lei Eusébio de Queirós (1850), que restringiu o tráfico.
  • Conflitos com a Argentina: As relações com a Argentina foram complexas, com disputas territoriais e políticas, mas também momentos de cooperação, especialmente durante a Guerra do Paraguai.
  • Tratados de Paz: O Brasil participou de diversas conferências e tratados para resolver conflitos regionais, destacando-se sua participação na Conferência de Montevidéu em 1864, que discutiu a situação no Uruguai.
  • Reconhecimento Internacional: O governo de Dom Pedro II buscou reconhecimento e prestígio internacional, promovendo a imagem do Brasil como um país em desenvolvimento e civilizado.
  • Fortalecimento Militar: A guerra levou ao fortalecimento das Forças Armadas brasileiras e ao aumento do prestígio do Brasil na região, mas também resultou em um alto custo humano e econômico.
  • Mudança de Foco: O descontentamento interno com a monarquia e as questões abolicionistas começaram a influenciar a política externa, com um crescente desejo de mudanças políticas que culminariam na Proclamação da República em 1889.

Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora